sexta-feira, 29 de maio de 2009

Obrigada, senhor Roger Wright! Adeus.

No último sábado, dia 22 de maio de 2009, o Jairo me ligou por volta das 13 horas e me perguntou assustado:

- Você já soube do Roger?
- Não... o que? Que Roger?
- O Roger da Creche!
- Ai, não! (Senti uma fisgada no peito) O que houve?

O Jairo meio gaguejando, com a voz trêmula me disse que ele estava assistindo ao noticiário da tevê e visto uma reportagem de um acidente de avião em que falecera TODA a família do Roger.

Estado de choque.

Só conseguia pensar: Não pode ser verdade... Não... deve ter algum engano. E me vem a cabeça agora a descrição da Cristiana Guerra do que eu sentia, uma sensação de "esperança ingênua" de que aquilo não estava acontecendo.

Desliguei o telefone e corri pra internet. Lá estava, os detalhes do inacreditável, e o nome: Roger Wright. E sua esposa, filhos, netos, genro e nora!!!!

Coração apertado. Nó na garganta. Um frio que me congelou derrepente. Lágrimas contidas.

Pouco tempo depois voltava pra casa e o motorista da condução me conta o acidente que presenciou naquela manhã, no bairro lá de casa, aliás a alguns metros da minha casa, e falecera uma criança. Uma criança pequena, 1 ano e meio no máximo. Na hora. Estava na cadeirinha da bicicleta com a mãe e foi atropelada por um caminhão.

Chega o meu ponto e eu peço pro motorista parar. Quando olho, o Jairo vindo na minha direção.
Graças a Deus. Minhas pernas estavam moles, se preciso fosse, elas andariam até em casa sozinhas. Mas que conforto poder me apoiar em seus braços. E abraçá-lo forte. Ele me perguntou se estava tudo bem, eu respondi negativamente com a cabeça. Choro. Ele chorou também. Discretamente como sempre faz, mas chorou também. Ali, na rua. Nós dois em pé, parados no meio do corre corre das pessoas. Abraçados. Confortando um ao outro. Foi breve, mas foi sentido.

Passei o resto do dia com uma angústia no coração. E não posso negar, ficava me perguntando: "Porque Meu Deus? Porque as coisas acontecem dessa forma?"

Acho que as demais pessoas não entendiam bem o que eu sentia. Vou tentar explicar. Roger Wright era pai, marido, avô, filho, irmão, um grande empresário, amigo, etc, etc, etc. Não conheci "esse" homem. Na verdade nunca conversei com ele. Embora sempre soube por quem o conhecia melhor do que eu que era um grande homem. E eu pensava que era óbvio isso. Porque o fato dele, (e aí começa a minha explicação), dar continuidade ao sonho de sua primeira mulher, (que faleceu num acidente de avião), e abrir uma Creche para atender a crianças de classe mais humilde aqui em Buzios, já me mostrava claramente que se tratava de alguém especial. Ver a sua satisfação, o seu carinho delicado e o seu sorriso largo nas apresentações anuais dos projetos da Creche era sempre especial e comentado por mim ao Jairo e vice versa.

Foi nessa creche que vivenciei o início da minha vida de mãe. O Frederico entrou na creche com 1 aninho e depois o Felipe teve a felicidade de receber também toda a dedicação, amor e carinho de todos que dela fazem parte. A Creche Bárbara Wright é um Instituto Educacional, que ensina através da Arte. Cultura, princípios, ética, valores como a simplicidade, enfim, a educação da criança como é o sonho de toda mãe o todo pai. Educação como deveria ser em todo o universo. Como todas as crianças têm direito, ou pelo menos deveriam ter. Graças ao Roger meus filhos tiveram. Costumo dizer que a Creche não educou somente aos meus filhos. A Creche me ensinou muito, me ensinou a ser mãe, me fez ver o lado mais lúdico da vida, com poesia e música.

Eu sinto muito.

E gostaria de deixar aqui registrado toda a minha gratidão a esse homem que foi especial na vida da minha família, mesmo sem o termos conhecido pessoalmente.

Muito obrigada.

À seus entes queridos, e a todos que o amam, deixo meus sinceros votos de que encontrem no amor e no carinho alívio para dor e que a saudade se transforme em paisagem para que possa ser comtemplada com afeto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo registro Paula!
O Roger era um grande homem e nós como tantas outras pessoas q conheciam ele pouco, muito ou nada, sabe quem ele foi.
Deixará muita saudades, mas aqui na Creche faremos de tudo para que ele continue orgulhoso do nosso trabalho, onde estiver.
Beijossssssss Edilma

Anônimo disse...

A saudade dele e da Veronica e do Felipe me ronda volta e meia. Aliás quase todos os dias. Do nada hoje coloquei o nome dele no google pois maio se aproxima e sempre lembro ainda mais e encontrei esse lindo texto. Diferente de você eu o conheci de muito perto. Ele e sua pequena grande família. Conheci também a Bárbara. Uma mulher igualmente incrível e que ajudou a formar essa pequena grande família. Que tanto fez pelos amigos. Que tanto fez por Búzios, local onde formamos um elo de amizade de 15 anos. Eles todos eram pessoas simples e muito ricas em todos os sentidos. Como foram todos de uma vez os que o amavam não tiveram nem ombros da família para se acomodar. Ficamos no vazio com lágrimas flutuando sem saber por onde descer. Nunca escrevi nada a respeito é a primeira vez. Também serão letras que ficarão pelo espaço. Mas acho importante frisar que essas pessoas nos ensinaram muito. Ensinaram a viver, a saber viver e a viver amando os próximos. Muitas saudades, Joao Paulo